Patch entrou em seu quarto. Tudo estava escuro, mas ele logo percebeu
algo realmente errado ali. Alguém estava ali. Mas como podia? Ele mesmo havia
se encarregado dela!
-Sentiu
minha falta, queridinho? - Dabria estava
deitada em sua cama, com uma capa vermelha com capuz cobrindo grande parte do
rosto.
-O que você
está fazendo aqui? – disse com os dentes e pulsos cerrados, soltando um tipo de
grunhido.
-Calma meu
velho amigo, não vai querer se precipitar. Eu venho aqui... em missão de paz.
Venho aqui com uma proposta que lhe será irrecusável!
- Eu não
tenho negócio nenhum com você, não sou seu velho amigo, e não há nada que possa
me oferecer que eu queira!
-Ah não? –
deu uma gargalhada alta – Realmente deve ser muito divertida ter uma namorada e
não sentir nada quando está com ela!
Neste momento, Patch se lançou
contra Dabria, tentando alcançar seu pescoço com as mãos. Mas parou ao ver o
capuz baixado: seu rosto tinha uma parte queimada, assustadora.
-Está
surpreso pelo que fez comigo? Não fique. Você irá me ajudar a, bem... curar esta
ferida.
-Eu deveria
ter certeza de tê-la matado quando pude! Como eu...
-Porque
você sabe que precisa de mim! – Dabra levantou o capuz de volta ao rosto e
tirou as mãos de Patch de seu pescoço, que não lhe apertavam mais. – Sabe que
eu sei como torná-lo humano. Para que tenha uma vida normal com aquela... –
respirou fundo – com Nora. Mas para que eu faça isso, você tem que me ajudar.
Faremos uma troca.
-Eu não
negocio com seres como você – Patch levantou da cama, indo em direção a parede.
-Você sabe
que sou sua única esperança. – Dabria se colocou atrás de Patch, o abraçando
pela cintura. – Eu sou a única em que pode confiar. Porque somos iguais, eu e
você.
Patch se afastou de Dabria,
sentando na poltrona em frente a cama. Ela se sentou na cama, de frente pra
ele, observando a cara confusa que ele fazia.
- Qual é a
sua proposta?
-Hum... –
Dabria se levantou e foi até a poltrona, ficando de joelhos na frente de Patch,
com as mãos em suas pernas. – Agora sim, reconheço o corajoso Patch. Que faria
de tudo, pelo seu próprio bem! – Patch fez menção de levantar mas Dabra o
empurrou de volta na poltrona e se sentou em seu colo, colocando um dedo na
frente dos lábios dele, pedindo silêncio. – Veja bem, não estou em condições de
seguir minha... vida com essas feições. Eu preciso de um novo corpo.
-Se acha
que eu permitirei que Nora...
-Quem falou
em Nora? Eu não tenho interesse nenhum em me tornar ela, afinal, já conheço o
suficiente do seu corpo... bom... de você. Não quero você.
-O que você
quer afinal?
-Vee. Quero
o corpo da Vee. Pense na vantagem disto, além de tudo irá se livrar daquela
amiguinha insuportável que te odeia. Não que ela não tenha razões pra te odiar,
claro. Boas razões.
-Eu não
poderia...
-Não pedi
uma resposta agora, pedi? Faça o seguinte, pense um pouco em minha proposta. Eu
tomaria para sempre o corpo de Vee, e você, pode escolher o garoto que quiser
pra se tornar. Só tenha certeza de que a Nora te ama. Não importa a aparência
que tenha. – Dabria se levantou e foi em direção a saída. – Pense. Volto em
breve. E lembre-se: eu sou sua única opção.
Dabria sumiu como se nunca
tivesse estado ali. Patch continuava tenso, pressionando os braços da poltrona
com força. Nora jamais o perdoaria se soubesse disto. Mas talvez... ela não
precisasse saber.